Toda atividade realizada pelo ser humano acontece dentro de um ambiente, de modo que a relação entre o indivíduo e o espaço se configura como uma troca, onde um influencia o outro. Partindo desse pressuposto é válido pensar no quão relevante é o projeto dos ambientes construídos, especialmente aqueles que vão abrigar atividades importantes para o desenvolvimento de cada um.
O ambiente educacional é o primeiro contato que a maioria das pessoas tem com uma situação de trabalho, onde existem atividades planejadas, metas a cumprir, tudo desenvolvendo-se em períodos de longa permanência. Ao analisar assim, fica evidente a necessidade de que este ambiente seja bem estruturado, visando atender as necessidades, desejos e expectativas de seus ocupantes.
Daí surgiu a motivação para pesquisar a relação que o ambiente de sala de aula tem com o aprendizado, e para tanto foi preciso relacionar os dois conceitos através de algo que pudesse ser investigado, resposta que foi obtida através da revisão bibliográfica que mostrou a possível relação entre ambiente e atenção. Esta evidência levou à demanda por uma pesquisa de campo, para a qual, mediante o estabelecimento de fatores de inclusão e exclusão baseados em pesquisas feitas, foram selecionadas duas instituições públicas de ensino, com resultados de aprendizagem e condições infra estruturais diferentes.
Aplicando a Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído (MEAC) (VILLAROUCO, 2001) para a análise do ambiente construído identificou-se que uma das escolas possuía qualidade ambiental superior à outra, especificamente a que funciona numa edificação que foi projetada para ser uma escola, enquanto a outra funcionava num edifício tombado adaptado para o uso escolar. O curioso é que os alunos com melhor desempenho nos testes de aprendizagem eram os alunos da escola com piores condições ambientais, o que motivou ainda mais a análise da atenção.
Para a opinião dos usuários foi utilizada a constelação de atributos (EKAMBI-SCHMIDT, 1974) e para a análise da atenção foi utilizada a Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção (BPA) (RUEDA, 2013). Ao levantar os dados sobre atenção, verificou-se que os alunos da escola que havia sido planejada e que apresentava melhores condições físicas possuíam melhor situação geral da atenção, o que levou à conclusão de que é necessária uma análise mais abrangente para identificar respostas sobre o aprendizado em si, como a inserção de pesquisas sobre aspectos pedagógicos, que extrapolam as questões do ambiente construído.
O resultado foi considerado satisfatório por mostrar que o ambiente escolar tem interferência sobre a atenção dos alunos, elemento que é parte importante do processo de construção do aprendizado, e portanto é um projeto que precisa de diretrizes sólidas que colaborem para uma estruturação adequada do espaço, de modo que este funcione como mais uma ferramenta em favor do crescimento e desenvolvimento intelectual dos alunos.
Referências:
EKAMBI-SCHMIDT, J. La percepción del habitat.pdf. Barcelona: G.Gili, 1974.
RUEDA, F. Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção (BPA). São Paulo: Vetor, 2013.
VILLAROUCO, V. M. Modelo de avaliação de projetos: enfoque cognitivo e ergonômico. [s.l.] Universidade Federal de Santa Catarina, 2001.