Por Marie Monique Bruère Paiva
Tese de Doutorado em Design (PPG-Design UFPE), 2018.
A compreensão dos mecanismos cerebrais e seu envolvimento na cognição humana concorrem para o entendimento da percepção dos ambientes físicos. Na medida em que tanto mais se conhece sobre a maneira como o cérebro interpreta os estímulos sensoriais, e esses provocam as emoções, novos direcionamentos vão surgindo e agregando valores à disciplina emergente vinculada à Ergonomia e à Neurociência. Nessa direção, a pesquisa teve como objetivo propor um modelo de avaliação de percepção sobre ambientes físicos. Conjugando conceitos de agradabilidade e afetividade à técnica de Seleção Visual, o modelo adotou a complexidade e o mistério para investigar as preferências do usuário idoso relacionadas aos ambientes residenciais de sala. Desse modo, foram identificados os atributos desejáveis para os espaços de moradia e reconhecidos em ambientes simulados em Realidade Virtual
imersiva. A avaliação perceptiva dos espaços foi suportada por Eletroencefalografia (EEG), para os biomarcadores de valência emocional, de memória e de atenção, para identificação de emoções do idoso ao vir a imagem 3D com as preferências ambientais, e para comparação aos resultados das verbalizações feitas pelos idosos durante a visualização dessas imagens.
Os achados do EEG e das verbalizações evidenciaram emoções positivas relacionadas à agradabilidade para com os estímulos visuais dinâmicos de baixa e média complexidade. As evidências empíricas sugerem que a associação da Eletroencefalografia à Realidade Virtual revelou-se como elemento inovador e com grande potencial para as investigações do ambiente construído, permitindo concepções mais ergonomicamente adequadas.
Por Ana Carol Pontes de França
Tese de Doutorado em Design (PPG-Design UFPE), 2019.
Com o intuito de entender como a regulação emocional pode contribuir para o bem-estar do usuário de Realidade Virtual e para a consequente melhoria do desempenho do trabalhador, este estudo emprega o uso de biomarcadores em uma situação de treinamento com motoristas de ônibus de uma empresa de transporte coletivo urbano. Como o estado emocional afeta profundamente a percepção e o desempenho do usuário em relação ao produto/sistema, foi proposta uma triangulação metodológica que reúne: aspectos do Projeto Ergonômico Afetivo, Metas da Experiência do Usuário e Métodos de Avaliação da experiência emocional, de modo a entender as inter-relações entre os sistemas biológico e tecnológico. Com foco na experiência emocional do usuário, nas estratégias de autorregulação e no desempenho do trabalhador em uma situação de treinamento com Biofeedback de Frequência Cardíaca (BFB-FC) e Realidade Virtual (RV), foi realizado um estudo de caso com três etapas de execução, a saber: etapa 1, registro da assimetria alfa (assimetria cortical) obtida por meio do eletroencefalograma (EEG); etapa 2, análise comparativa da experiência relatada (obtida por meio do questionário) com a experiência sentida (obtida por meio dos marcadores biológicos do usuário do sistema de RV); etapa 3, análise comparativa do desempenho do usuário antes e após o treinamento com o sistema de Realidade Virtual (obtida por meio da avaliação dos registros biológicos na 1ª sessão, pré-treino, e na última sessão, pós-treino). A partir do treinamento, esperava-se que os motoristas desenvolvessem habilidades emocionais para lidar melhor com a tensão e a ameaça, tendo em vista a redução das emoções de valência negativa. Dos dez motoristas que participaram do estudo, cinco se beneficiaram com o biofeedback de frequência cardíaca, tiveram bom desempenho e melhoraram a resiliência com o Treino de Resiliência®. M2 e M10, usuários que avaliaram negativamente o ambiente não-estressor Relax’n VR, foram justamente os motoristas que não se beneficiaram com o BFB-FC. Os resultados obtidos contribuíram para questões relacionadas às métricas para avaliação dos aspectos hedônicos de sistemas de Realidade Virtual bem como para o avanço nos campos teórico e metodológico referentes ao Projeto Ergonômico Afetivo. Na síntese dos resultados são apresentadas sugestões para estudos futuros. Nos comentários finais são apresentadas as recomendações ergonômicas e considerações finais sobre a pesquisa.